quarta-feira, 30 de setembro de 2009

caminho

era uma vez uma escada de pedra
que subia (quando se estivesse subindo) em degraus desiguais e ciliados de plantas pequenas,
que levava a um outro patamar da estrutura da escada
onde lá em cima abria-se para um verde quintal

era uma vez um quintal de pedra
onde as diversas plantas cuidadas e plantadas com cuidado e carinho ciliava as margens e os limites
onde alguns seres sentavam-se para descansar ou
simplesmente apreciar a temperatura agradavel do quintal de pedra
onde havia bananeiras, comigo-ninguém-pode, arrudas e alecrins, margaridas, canas-de-açucar, marias-sem-vergonha, espinheiras-santas, limoeiros, laranjeiras, rúculas, salsões, entre outros pés e mudas cheirosos, curandeiros e esperançosos, além de visçosos e verdes caules
que de dentro da casa eram observados com paciência

era uma vez uma casa no quintal de pedra
que era toda meticulosa em sua imperfeita montagem
com janelas grandes e desiguais de vidros reaproveitados, paredes expostas na singularidade do concreto bruto, pisos frios que aqueciam quem pisava, cores diversas que entravam com o sol
nesta casa (desigualcasa) tinha um fogão a lenha de pedra
tinha uma mesa de pedra
e tinha alguns seres de pedra (entre outros seres comuns)
tinha um quarto de madeira e uma varanda de mudas e de ganeshas
tinha banderolas tibetanas e nadadeiras muito usadas, tinha uma rede bem velha e alguns sapatos novos
nessa casa desigual, tinha seres desiguais que observavam os seres comuns que observavam os caules e as plantas nascendo que observavam o quintal que observava de cima os degraus de pedra, que olhavam para baixo e viam o mar.

não era um mar de pedras.

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